domingo, 1 de agosto de 2010

Era uma vez (2)

Ao sentir uma picada abre os olhos e vê um bichinho minúsculo a saltitar em cima da sua asa nua. Dá-lhe uma sapatada mas não o apanha; o bichinho desapareceu no meio do ninho.  Levanta-se para ver se o encontra. Assim que se levanta tem uma visão assustadora: o seu ninho está cheio de parasitas!!!

Abriu os olhos, olhou à sua volta e lembrou-se que a sua gaiola tinha sido queimada no dia anterior. Tinha passado a noite num ninho abandonado. Que estranho sonho, pensou, ainda por cima não costumo lembrar-me dos sonhos...
Deambulou à volta do ninho e concluiu que não tinha capacidade de tomar nenhuma decisão. Era tudo demasiado recente e ainda estava muito atordoado. Tentando racionalizar as emoções, concluiu que o melhor era afastar-se por uns tempos.

Chegou à nova floresta ao final do dia. Apesar da viagem ter sido longa, não sentiu a fome nem o cansaço. Era verão e o sol ainda espreitava no horizonte. Sempre gostou muito de ver o sol, mas hoje, este sol tinha um sabor diferente: ainda que continuasse a sentir o seu calor, sabia a melancolia, a incerteza, a insegurança. Com os olhos postos no horizonte, questionava-se. Continuava a questionar-se sobre os últimos acontecimentos e não conseguia ter nenhuma resposta.
A noite caiu e as estrelas apareceram no céu; também elas hoje tinham um sabor diferente.  Mesmo sabendo do risco de voar durante a noite numa floresta, ignorou esse perigo; tinha de voar um pouco mais, voar até não aguentar mais e cair de cansaço num qualquer ninho sem dono. E voou, voou, voou... e quando já não podia mais deixou-se cair e adormeceu.

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